sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Desta água não beberei...

Tudo aquilo que existe e se faz na face da Terra é passível de mudança. O eterno, o imutável, o insubstituível, sinto muito informar, não existe. Só se for a eternidade da morte, essa não muda. Enquanto houver vida, haverá movimento, haverá transformações. Por isso, aquele velho ditado: “nunca digas desta água não beberei...” Porque se a sede apertar até água suja pode salvar uma vida, como a dos trabalhadores chilenos presos numa mina a 700 metros de profundidade, que sobrevivem há cerca de 20 dias só bebendo água dos motores. Mas enfim, nada há de perpétuo nesta vida. Nem a mais nefasta injustiça, nem o bem supremo. O que hoje é, amanhã poderá não ser mais. Isso para falar mais uma vez da relatividade das coisas. Não sou ninguém para querer ensinar alguém. Aliás, sou aprendiz nesta vida. Mas o pouco (ou muito) que vivi até agora me mostrou que aquilo a que nos apegamos com unhas e dentes num determinado momento pode não ter toda essa importância num futuro próximo. E mais: podemos nos questionar porque em determinada ocasião aquilo foi tão importante que justificou um rompimento, uma reação ou um comportamento. O ser humano vive de expectativas, de incertezas e dúvidas. Mas traz consigo a esperança e isso é que o faz seguir em frente. O duro é quando não nos permitimos uma mudança, por mínima que seja, em nome de um absolutismo ou de um apego que assusta. Olhar uma questão ou situação por mais de um ângulo, ver a outra face, pode revelar surpresas, soluções ou um outro caminho. Abrir-se para o desconhecido, o novo, o diferente também é um modo de desenvolver uma nova perspectiva, dar-se oportunidade. É um direito que a própria vida nos dá.

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