Morro e não vejo tudo. Assistindo a um programa jornalístico matinal na semana que passou, quase não me espantei com a notícia em si: um deputado estadual do estado de São Paulo foi flagrado negociando propina. Isso, infelizmente, já se tornou rotina. O deputado (já seis vezes eleito!) foi filmado por uma câmera escondida por um secretário municipal, enquanto recitava cifras milionárias que estariam sendo utilizadas para barrar processos ou prisões de outros políticos. No vídeo, o deputado revela que a Assembléia Legislativa “devolvia” parte do dinheiro que sobrava de seu orçamento, sendo tais valores repassados, segundo ele, para agentes do Ministério Público e desembargadores como forma de pagamento de “favores”. E ainda gabava-se de que estaria fazendo o possível para ajudar tais pessoas (os criminosos). Para livrar a cara de sujeitos com ficha suja, o valor era inegociável (em torno de 300 mil reais), sob pena de não conseguir “segurar a barra”. Na sequência, a reportagem mostrou depoimentos dos envolvidos, que, obviamente, além de negar tudo se ameaçaram mutuamente de calúnia e difamação.
Mas o melhor, ou o pior de tudo, é o que veio a seguir. O tal deputado, diante dos microfones e câmeras, segurava um papel entre as mãos e lia para a imprensa o seguinte comunicado: - “Jamais cometi qualquer crime ou desviei dinheiro...” Geeeeentee!!! Ele estava lendo! Precisava ler uma frase básica dessas? Não bastaria olhar para os repórteres e para o público e simplesmente dizer estas palavras? Ou será que a frase era tão difícil de pronunciar? Certamente o tal político, já sem um mínimo de senso moral ou ético, teve receio de engasgar-se na própria mentira e para garantir a pose, não teve dúvidas: ler é o melhor remédio. Quer dizer, zero no quesito sinceridade. E um duplo zero no quesito honestidade.
Tem algumas pessoas da classe política que continuam pensando que o povo é palhaço. Mas o povo tem uma arma que se não aprendeu a usar, está mais do que na hora de aprender. Esta arma é o voto. E voto consciente não pode ser artigo raro no mercado. Deve ser o trivial, o mais procurado e o mais encontrado. É a nossa chance de reverter este quadro terrível que vislumbramos todos os dias nos noticiários, envolvendo denúncias e crimes de corrupção. Não vamos nos omitir. Não vamos dizer “tanto faz”, “não posso fazer nada”. Podemos sim. Podemos votar, fiscalizar e cobrar dos eleitos tudo aquilo que prometeram fazer e também aquilo que não prometeram, mas fizeram contra o cidadão. Neste domingo, lembre-se que votar é mais do que um dever, um direito do cidadão.
domingo, 3 de outubro de 2010
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