Não tem como não falar, ainda, sobre o Haiti. É só o que se ouviu nas rádios e televisões e se leu nos jornais, neste início de ano, juntamente com as notícias de enchentes e chuvas torrenciais ocorridas no Brasil. Muitos dirão que estão cansados de tantas notícias tristes e trágicas. Com certeza. Cansados de ver e ouvir. E o que dizer daqueles que estão sentindo na pele e sobrevivendo como podem a esta tragédia? Terão o direito de estar já “cansados de sofrer”? Qual o limite do sofrimento? Quem já não tinha nada, pode perder algo? Acredito que sim, pode perder a dignidade. E entenda-se aqui dignidade como o simples direito de viver. Sim, porque sobreviver nas condições em que está o povo haitiano pode ser tudo, menos digno. Ter que depender da boa vontade de outros, que antes de ajudar se julgam no direito de tecer considerações e tratados sobre o merecimento de um povo é algo deprimente. Dar sugestões e palpites de como deveria agir o governo de lá, que deveria haver controle da natalidade, que eles não sabem se administrar adequadamente, enfim, é muito fácil dar conselhos para os outros, sem olhar para os problemas que temos por aqui. Parece até que a população tem culpa de viver num país sujeito a terremotos. Como se alguém precisasse passar em algum teste para merecer ajuda... E nos dizemos tão humanitários, tão cheios de boas intenções, tão corretos e cristãos...
A par disso é de se perguntar: até que ponto o homem tem responsabilidade nos estragos provocados pelas chuvas? Construir em locais ribeirinhos e encostas, destruir mata nativa, desrespeitar zonas de preservação ambiental em nome do lucro são situações que não resolvem os problemas da qualidade de vida e da conservação do meio ambiente. Além de não resolver trazem conseqüências indesejáveis a longo prazo, como os desmoronamentos e alagamentos deste início de ano.
Proteger a dignidade humana também é realizar ações eficazes, considerando-se a necessidade de transformações estruturais sociais e econômicas, que devem vir acompanhadas de mudanças profundas de mentalidade e conjunto de valores nos indivíduos, na sociedade e na política.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
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