sábado, 20 de fevereiro de 2010

Índia – uma viagem também para dentro de si

Há duas maneiras de ser ver as coisas: uma com os olhos e a outra com o coração.
A primeira está ligada a nossa mente, portanto julga com facilidade. A segunda está voltada para o sentimento e acolhe o que vê com maior amorosidade. Ir para a Índia é olhar sem julgar, acolher para poder compreender, é perceber que na pobreza existe uma riqueza e vice versa. “Miséria existe em qualquer lugar, mas lá é possível perceber o quanto a espiritualidade dá suporte para a falta do alimento da matéria. Enquanto que aqui a matéria não nos dá suporte para nossa espiritualidade”. As impressões são de Mariam Shahin, terapeuta corporal sapiranguense, que esteve na Índia no período de 1º de dezembro de 2009 até 14 de janeiro de 2010. Mariam dedicou-se ao estudo da Ayurveda, viveu no ashram (templo onde se prioriza a interiorização e a meditação) de Sai Baba. A Medicina Ayurvedica foi desenvolvida há mais de 5.000 A.C. seu propósito é de promover a saúde através do equilíbrio da mente, do corpo e do espírito. Sua prática engloba meditação, Yoga, massagem e nutrição.
Segundo ela, na viagem foi possível perceber que estar em si é fazer uma coisa de cada vez, assim vivem os indianos. Aqui no ocidente é muito fácil se desconectar de si com tantas atribuições que se tem na vida moderna. Esta correria diária a faz pensar que as pessoas vivam como se buscassem algo que há muito perderam. Na sua visão as pessoas estão buscando este “algo” fora de si, enquanto deveriam iniciar suas buscas no seu interior. Há uma melhor conexão com Deus quando se está presente “em si”.
Na Índia convivem as mais diversas religiões, na qual destacou os muçulmanos que possuem o hábito de orar cinco vezes ao dia. “Quantas vezes ao dia nós rezamos ou nos interiorizamos? E em que momentos nós dissemos obrigado Deus?”
Mariam percebeu o quanto somos felizes, pois podemos escolher comer, e o que comer, beber, tomar um banho por que abrimos as torneiras e delas jorram água. E quantas pessoas no mundo inteiro não tem estas opções.
Ela relata uma experiência que teve com duas crianças que mendigavam na rodoviária de Puttaparthy. A foto demonstra o brilho no olhar e a alegria em terem sido fotografados. A alegria vem por que alguém os percebeu não com o olhar que vem da mente, mas com olhar de quem acolhe seu semelhante. Mesmo que eles jamais possuam uma foto sua impressa, existe uma felicidade, por que alguém os percebeu e os valorizou. Isto parece ser tão pouco, mas nunca saberemos a real dimensão de nossos pequenos atos. Mariam afirma ter reaprendido com estas duas crianças que é nas pequenas coisas que encontramos os verdadeiros valores e o seu real significado.
Finaliza dizendo que “não há necessidade de se ir até a Índia para perceber o mundo que nos cerca, basta abrir os olhos para vermos e sentirmos uns aos outros e reconhecer Deus em tudo, e agradecer pelo que temos de mais sagrado: a nossa vida.” “Ama a tudo e serve a todos” (Sathya Sai Baba)

Qual é o limite?

Não tem como não falar, ainda, sobre o Haiti. É só o que se ouviu nas rádios e televisões e se leu nos jornais, neste início de ano, juntamente com as notícias de enchentes e chuvas torrenciais ocorridas no Brasil. Muitos dirão que estão cansados de tantas notícias tristes e trágicas. Com certeza. Cansados de ver e ouvir. E o que dizer daqueles que estão sentindo na pele e sobrevivendo como podem a esta tragédia? Terão o direito de estar já “cansados de sofrer”? Qual o limite do sofrimento? Quem já não tinha nada, pode perder algo? Acredito que sim, pode perder a dignidade. E entenda-se aqui dignidade como o simples direito de viver. Sim, porque sobreviver nas condições em que está o povo haitiano pode ser tudo, menos digno. Ter que depender da boa vontade de outros, que antes de ajudar se julgam no direito de tecer considerações e tratados sobre o merecimento de um povo é algo deprimente. Dar sugestões e palpites de como deveria agir o governo de lá, que deveria haver controle da natalidade, que eles não sabem se administrar adequadamente, enfim, é muito fácil dar conselhos para os outros, sem olhar para os problemas que temos por aqui. Parece até que a população tem culpa de viver num país sujeito a terremotos. Como se alguém precisasse passar em algum teste para merecer ajuda... E nos dizemos tão humanitários, tão cheios de boas intenções, tão corretos e cristãos...
A par disso é de se perguntar: até que ponto o homem tem responsabilidade nos estragos provocados pelas chuvas? Construir em locais ribeirinhos e encostas, destruir mata nativa, desrespeitar zonas de preservação ambiental em nome do lucro são situações que não resolvem os problemas da qualidade de vida e da conservação do meio ambiente. Além de não resolver trazem conseqüências indesejáveis a longo prazo, como os desmoronamentos e alagamentos deste início de ano.
Proteger a dignidade humana também é realizar ações eficazes, considerando-se a necessidade de transformações estruturais sociais e econômicas, que devem vir acompanhadas de mudanças profundas de mentalidade e conjunto de valores nos indivíduos, na sociedade e na política.

Há necessidade de se ter um Procon em Sapiranga?

PROCON quer dizer Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor. É um órgão que atua em todo o Brasil orientando, informando e defendendo o consumidor, registrando reclamações e fiscalizando as relações de consumo. As iniciativas tomadas pelo Procon buscam solucionar questões que lhe são trazidas através de denúncias, sendo que muitos conflitos entre o consumidor e a empresa fornecedora de produtos ou serviços são resolvidos até em uma única ligação. Se não há sucesso na tentativa por telefone, o Procon promove uma audiência de conciliação entre as partes e se, mesmo assim, não for possível o acordo, é formalizado um processo encaminhado à fiscalização e em seguida ao departamento jurídico, podendo ser aplicadas multas. O Procon pode ser estadual ou municipal, e segundo o artigo 105 da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), é parte integrante do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.
As cidades que não contam com este serviço enfrentam um sério problema. Na medida em que as reclamações mais simplórias não tem um receptáculo adequado, mais e mais ações se avolumam no Judiciário, muitas delas tratando de valores tão ínfimos, que não pagam o papel que se gasta. Não se espantem, é isso mesmo. Vejamos, quando uma companhia telefônica cobra 10,00 por um serviço que não foi solicitado pelo cliente, ou quando uma loja não quer trocar um objeto defeituoso (pode ser uma roupa, um caderno, uma sombrinha ou uma geladeira), a quem recorrer? Por R$ 10,00 não vale a pena reclamar, dirão alguns, a incomodação é tanta que faz desistir desde logo. Mas não se trata só dos dez reais, trata-se de um direito afrontado e se a companhia telefônica cobra R$10,00 de cem ou duzentas pessoas que não reclamam, quanto lucrará, só pela inércia do consumidor lesado? E o pior: continuará com esta prática irregular e abusiva.
O Procon é o órgão legítimo para receber tais reclamações. Receber e notificar o causador do prejuízo, ou da lesão ao direito, para que tome as providências cabíveis. Quando a cidade não possui escritório do Procon, o consumidor pode procurar o Procon mais próximo de sua cidade. Só que na prática, sabemos que isso não funciona, pois as cidades que dispõe deste órgão de defesa do consumidor não atendem a reclamações de cidades vizinhas. Portanto, não adianta reclamar em Novo Hamburgo de algum fato ocorrido em Sapiranga. Na falta de Procon o cidadão que quiser levar adiante sua inconformidade deverá ingressar diretamente com ação judicial, com todos os custos que a envolvem.
Autoridades municipais, não está na hora de termos o nosso PROCON? A população de Sapiranga bem que merece...