Certa vez, ganhei uma bromélia de flor amarela. Deixei-a no vaso original e por muito tempo a flor resistiu. Passou o verão e o tempo da flor também. Pensei, então, em cuidar das folhas até que, na próxima estação, no próximo ciclo, a flor se abrisse novamente. Na ânsia de mantê-la viva, colocava água quase todos os dias. Estranhamente, a planta parecia regredir: algumas folhas murchavam, outras ficavam enroladas e se soltavam. Decidi que deveria transplantá-la para o solo ou para um vaso maior. Venceu o vaso. Quando fazia a operação de salvamento, ao retirar a bromélia do pequeno vaso onde estivera até então, notei a terra encharcada e as raízes, mais uns poucos dias, apodreceriam. A planta morreria. Ufa! Bem na hora, pensei.
A lição vem agora, no melhor estilo Paulo Coelho. Quantas vezes, pensando cuidar ou proteger alguém dedicamos tanto amor que sufocamos, ou melhor, afogamos a pessoa, deixando-a sem espaço, sem opção para firmar suas raízes, suas próprias convicções e escolhas? Pensamos que impondo amor (regando muito todos os dias), vamos ajudar, e, no entanto, não percebemos que as pessoas, assim como as plantas, tem seu próprio tempo. Precisam de tempo e espaço próprio para absorver o que percebem e recebem. Tempo para se desenvolver... A falta de amor, como a falta de água matam. Mas o contrário também é verdadeiro: todo o excesso afoga, sufoca e pode destruir. E amor mesmo, não se impõe.
Fico observando a plantinha. Está se recuperando. Coloquei-a debaixo de uma árvore, onde a sombra e os raios de sol se revesam. Não quero mais oprimi-la, só para tê-la perto de mim. Por mais linda que seja, posso olhá-la e amá-la de longe também, regando só o necessário. E agora já criou novas folhas, diferentes daquelas que antes existiam. Criou o seu próprio formato, sem perder a beleza. E segue o seu ritmo, no caminho que a Natureza oferece. Eu, meio de longe, vou acompanhando... E me sinto feliz, só pela sua existência...
sábado, 12 de setembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário