sábado, 23 de abril de 2011

Deus existe no jornalismo

Sabem o horário de verão? Aquele que quando inicia você adianta o relógio e quanda termina você atrasa o mesmo relógio? Pois é. Em outubro, quando começou o horário de verão, toda a mídia noticiou e, nós do Jornal A Opinião também. Por isso, nada mais justo que, em fevereiro fazer menção ao término do mesmo. E coube a mim, na qualidade de estagiária, fazer o texto, curto, mas informativo. E foi o que fiz: bem suscinto, anunciando o término do horário de verão à meia noite do sábado que se seguia àquela edição do jornal. Inclusive antes de sair, vi o Jorge, nosso diagramador nota 10, colocar um reloginho estilizado para ilustrar. No dia seguinte, sexta-feira, de manhã quando o nosso jornal já devia estar saindo da prensa, ao assistir o telejornal matinal, ouvi a apresentadora dizendo: “termina amanhã o horário de verão; atrase seu relógio em uma hora”. Quase enfartei. Ela disse “atrase” e eu havia colocado “adiante seu relógio em uma hora”. Quis morrer, fugir, viajar para qualquer lugar do mundo onde não houvesse horário de verão. Imaginem que gafe na primeira página do jornal (ou era na segunda, já nem lembrava), que fiasco! Logo naquela edição que estava tão boa. E logo na semana que eu havia discutido sobre o assunto “correção de textos” com uma amiga, afirmando-lhe, garantindo-lhe que corrigíamos tudo, que cuidávamos muito para não ter erros. Bem feito pra mim. Quem manda não questionar as certezas (eu nunca tivera dúvidas quanto aos respectivos adiantar/atrasar, foi a hora da bobeira)... Liguei pro Martins, o diretor do jornal, relatando o ocorrido, na esperança de que após a minha saída, alguém tivesse visto e corrigido o erro, ao que ele tranquilamente me respondeu: “te confesso que não reparei... Mas não esquenta!” Ai! Isso queria dizer que o “adiante seu relógio” estaria lá. E como não esquentar? Paciência, o que não tem remédio, remediado está, pensei, já antevendo que meu futuro jornalístico estava comprometido. Quando o jornal chegou, perto do meio dia, encontrei o distribuidor Paulo e quase arranquei um exemplar de suas mãos, enquanto lhe contava o motivo da minha aflição. Mas, pasmem, não tinha nada. Nem “adiante”, nem “atrase” e nem relógio. Folhei todo o jornal, em busca do que me faria desaparecer de vergonha, e não encontrei. Explicação lógica: depois que eu saí da redação, entrou uma matéria de últissima hora e como não havia mais espaço, simplesmente substituíram o “informativo” do horário de verão, pela bendita notícia. Explicação ilógica, talvez surreal, mas verdadeira: o meu Anjo da Guarda estava mais atento do que eu e providenciou a correção de uma forma radical, mas coerente: antes não sair nada, do que sair errado. E eu, me dei conta de duas coisas: uma, que errar é humano. A gente erra sim, por mais que se queira acertar, às vezes acontece e isso serve para que aprendamos... E a outra, apenas confirmei: que Deus existe, também no jornalismo, e às vezes nos tira do sufoco. E, pelas vezes que não tira, nos resta apenas pedir desculpas pela falha.

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