O estudante é alguém por dentro do que acontece no mundo. Quem não estuda está “por fora” de tudo. Foi mais ou menos isso que ouvimos, meus colegas de 8ª série e eu, de uma professora, no final dos anos 70. Naquela época a obrigatoriedade do estudo era relativa e por isso havia alguns jovens que às vezes se desviavam e sem mais nem menos, abandonavam a escola. Uns para ir trabalhar, outros para fazer nada ou sabe-se lá o que. Mas a professora tinha visão e procurava incentivar os alunos a concluírem seu aprendizado. Para a maioria, porém, nem passava pela cabeça a ideia de não mais frequentar as aulas. Tinha-se uma convicção de que estudar era a única maneira de ser alguém na vida. Para muitos, era mesmo. E nos apegávamos com unhas e dentes à oportunidade de poder estudar numa escola pública, mesmo com todas as dificuldades que havia.
Hoje, a lei é bem mais severa e existe punição aos pais que não mandam seus filhos menores à escola. Com isso, busca-se uma valorização da educação.
Mas a alma dos jovens é diferente. Sempre foi. Tem sede de futuro, anseia por novas experiências, quer protagonizar mudanças e conquistar a independência. Tem fé na humanidade. Por vezes, deseja se rebelar, desviar o seu destino.
A questão é que nem sempre damos o devido valor às coisas, na hora em que as estamos vivendo. Assim, o arrependimento de não ter estudado pode aparecer muito tempo depois, um longo tempo, que poderá até ser recuperado, mas que foi preciosamente perdido...
A vida é uma escola e passamos o tempo todo aprendendo. Porém, a frequência a um lugar em que a realidade é atualizada e esmiuçada diariamente, onde mestres e alunos convivem num ambiente de companheirismo e camaradagem, dividindo percepções, idéias e opiniões e, porque não, sonhando com um futuro melhor, só vem a enriquecer a vida. É a magia do saber... Talvez porque o estudante se sinta em igualdade de condições com seus pares. Todos com objetivos a alcançar. Amizades que se leva prá vida. Lições que podem frutificar. “E há que se cuidar do broto, prá que a vida nos dê flor e fruto...”
sábado, 20 de novembro de 2010
“Sim, a mulher pode!”
Independentemente de ter ou não ter votado nela, não dá prá negar: é um orgulho para a classe feminina uma mulher ter se tornado presidente do Brasil. A primeira a chegar lá. Apesar de toda a polêmica em torno de sua candidatura ela soube tirar de letra a situação e alcançou o mais alto cargo/posto político da nação. Enérgica e decidida, talvez tenha frustrado a expectativa de quem esperasse um tratamento mais ameno, por se tratar de uma mulher. Talvez os eleitores esperassem uma senhora simpática e cheia de reverências, no alto de seus sessenta e poucos anos. O fato é que Dilma, a presidente eleita, mostrou ser muito mais do que uma simples candidata a um cargo político. Resolveu vestir a camiseta e apresentar ideias e propostas concretas, dizer sua opinião e manifestar sua vontade de governar o país. Criticada por alguns pela falta de tato, disciplinou-se e encontrou a sua maneira de lidar com o público.
Aliás, é interessante como às vezes se espera o desempenho de uma mulher: que seja profissional só até onde não venha a ferir os brios de uma sociedade, ainda não muito acostumada com a mulher em posição de comando. E uma mulher que expressa livremente suas opiniões e opções e, mais do que isso, vai à luta mostrando que sabe o que quer, então, pode ser um perigo! Deixando de lado considerações acerca do feminismo, o episódio das eleições foi algo desafiador. Ninguém sabe muito bem como serão os próximos quatro anos. Como ninguém poderia ter certeza, se fosse vencedor o outro candidato. O tempo é o senhor da razão, já disse alguém outrora. Mas a fibra e a coragem desta mulher que venceu inclusive uma doença deverão ficar gravadas na memória dos brasileiros e brasileiras. O ineditismo de sua conquista também. Seus desafetos continuarão a minimizá-la, seus correligionários e apoiadores a admirá-la. Afinal, ninguém consegue agradar a todos, sempre. Porém, a grande maioria do país tem esperança nela. Uma coisa, no entanto, é certa: a mudança de quase tudo aquilo que reclamamos e achamos ruim passa pelo Congresso. E quem coloca esse povo lá somos nós.
Aliás, é interessante como às vezes se espera o desempenho de uma mulher: que seja profissional só até onde não venha a ferir os brios de uma sociedade, ainda não muito acostumada com a mulher em posição de comando. E uma mulher que expressa livremente suas opiniões e opções e, mais do que isso, vai à luta mostrando que sabe o que quer, então, pode ser um perigo! Deixando de lado considerações acerca do feminismo, o episódio das eleições foi algo desafiador. Ninguém sabe muito bem como serão os próximos quatro anos. Como ninguém poderia ter certeza, se fosse vencedor o outro candidato. O tempo é o senhor da razão, já disse alguém outrora. Mas a fibra e a coragem desta mulher que venceu inclusive uma doença deverão ficar gravadas na memória dos brasileiros e brasileiras. O ineditismo de sua conquista também. Seus desafetos continuarão a minimizá-la, seus correligionários e apoiadores a admirá-la. Afinal, ninguém consegue agradar a todos, sempre. Porém, a grande maioria do país tem esperança nela. Uma coisa, no entanto, é certa: a mudança de quase tudo aquilo que reclamamos e achamos ruim passa pelo Congresso. E quem coloca esse povo lá somos nós.
Talento de primeira
Há 60 anos, precisamente no dia 04 de novembro de 1950, nascia em Sapiranga, Arione Regina de Oliveira, irmã do Ari, filha da Nelcila e do Ervino Ermel. A origem do nome “Arione” é grega e significa aquele que tem energia, “Regina” vem do latim e significa rainha, e “Oliveira” é uma árvore que nos alimenta. Atributos facilmente encontrados nesta sapiranguense de coração.
Seu grande desejo, desde pequena, era poder desenvolver o talento musical, que já era nato. Mas a família não tinha condições de transformar as aulas de piano com a Gessi Dresch em um futuro profissional. Eis que, então, o destino dá uma “mãozinha” e seu Ervino acerta na loteria. Com o dinheiro do prêmio puderam comprar um piano. Definitivamente estava dado rumo à vida da Arione, que se formou em música na UFRGS, em Porto Alegre.
Arione deu aulas na Escola Evangélica de Ivoti, junto com o famoso professor Naumann. Mais tarde, ajudou Terezinha Cardona a estruturar a Fundarte de Montenegro. Guerreira, morava em Porto Alegre e ia dar aulas nestes lugares, grávida, encarando longas viagens de ônibus, chovesse ou fizesse sol.
Na adolescência fez parte da Juventude Evangélica de Sapiranga, onde os amigos eram muito unidos. Realizavam passeios, acampamentos, serenatas, estavam sempre juntos, nem que fosse para ficar sem fazer nada. Foi ali, na Juventude, que Arione conheceu o Nelson de Oliveira, com quem se casou e teve seus três filhos (Ana Amélia, Fernanda e o primogênito Gustavo).
Ainda na adolescência, Arione e mais a amiga Vera Schoenardie, que colaborou com estas informações, passaram parte de suas férias nas Aldeias Cristãs SOS, fazendo um serviço voluntário numa das casas. Aliás, coube à Arione a árdua tarefa de tentar ensinar um pouco de música à Vera, através da flauta. Segundo a própria Vera, parece que foi um de seus raros fracassos...
Evento memorável para a amiga Vera foi a entrada, ao som de Beethoven, do casamento com o Eurico, tocada pela Arione no maravilhoso órgão de tubos da igreja evangélica de Sapiranga.
Durante alguns anos, Arione morou em Campina Grande, na Paraíba, para onde o marido foi transferido pela empresa Azaléia Calçados. Bons tempos de riqueza musical naquelas paragens.
Voltando ao sul, Arione assumiu a regência do coral da Azaléia, quando morava em Parobé. Já naquela época era bem envolvida na comunidade, sempre ajudando na parte da música.
Arione também foi professora na Escola Evangélica Duque de Caxias, em Sapiranga. Nos últimos anos tem se dedicado às aulas particulares de piano, tendo revelado alguns talentos especiais, como o Luiz Carlos Klein Junior (Tuta).
Participou também das filmagens do longa “Jacobina”.
Arione gosta de desafios, como mostra sua biografia. No momento encara, com coragem, a tarefa de ensaiar e botar ordem no Grupo Vocal “De Boca Aberta”, composto por amigas que se reúnem semanalmente para cantar, e que eventualmente se apresentam em eventos musicais da cidade e arredores.
Tolstoi tem uma frase muito apropriada: “Se queres ser universal, fala da tua aldeia". Muitas vezes os talentos locais são pouco lembrados, mas na verdade são pérolas que se encontram muito perto de nós e às quais é preciso dar o devido valor. Arione tocando, cantando e ensinando em Sapiranga é um talento de primeira grandeza.
Seu grande desejo, desde pequena, era poder desenvolver o talento musical, que já era nato. Mas a família não tinha condições de transformar as aulas de piano com a Gessi Dresch em um futuro profissional. Eis que, então, o destino dá uma “mãozinha” e seu Ervino acerta na loteria. Com o dinheiro do prêmio puderam comprar um piano. Definitivamente estava dado rumo à vida da Arione, que se formou em música na UFRGS, em Porto Alegre.
Arione deu aulas na Escola Evangélica de Ivoti, junto com o famoso professor Naumann. Mais tarde, ajudou Terezinha Cardona a estruturar a Fundarte de Montenegro. Guerreira, morava em Porto Alegre e ia dar aulas nestes lugares, grávida, encarando longas viagens de ônibus, chovesse ou fizesse sol.
Na adolescência fez parte da Juventude Evangélica de Sapiranga, onde os amigos eram muito unidos. Realizavam passeios, acampamentos, serenatas, estavam sempre juntos, nem que fosse para ficar sem fazer nada. Foi ali, na Juventude, que Arione conheceu o Nelson de Oliveira, com quem se casou e teve seus três filhos (Ana Amélia, Fernanda e o primogênito Gustavo).
Ainda na adolescência, Arione e mais a amiga Vera Schoenardie, que colaborou com estas informações, passaram parte de suas férias nas Aldeias Cristãs SOS, fazendo um serviço voluntário numa das casas. Aliás, coube à Arione a árdua tarefa de tentar ensinar um pouco de música à Vera, através da flauta. Segundo a própria Vera, parece que foi um de seus raros fracassos...
Evento memorável para a amiga Vera foi a entrada, ao som de Beethoven, do casamento com o Eurico, tocada pela Arione no maravilhoso órgão de tubos da igreja evangélica de Sapiranga.
Durante alguns anos, Arione morou em Campina Grande, na Paraíba, para onde o marido foi transferido pela empresa Azaléia Calçados. Bons tempos de riqueza musical naquelas paragens.
Voltando ao sul, Arione assumiu a regência do coral da Azaléia, quando morava em Parobé. Já naquela época era bem envolvida na comunidade, sempre ajudando na parte da música.
Arione também foi professora na Escola Evangélica Duque de Caxias, em Sapiranga. Nos últimos anos tem se dedicado às aulas particulares de piano, tendo revelado alguns talentos especiais, como o Luiz Carlos Klein Junior (Tuta).
Participou também das filmagens do longa “Jacobina”.
Arione gosta de desafios, como mostra sua biografia. No momento encara, com coragem, a tarefa de ensaiar e botar ordem no Grupo Vocal “De Boca Aberta”, composto por amigas que se reúnem semanalmente para cantar, e que eventualmente se apresentam em eventos musicais da cidade e arredores.
Tolstoi tem uma frase muito apropriada: “Se queres ser universal, fala da tua aldeia". Muitas vezes os talentos locais são pouco lembrados, mas na verdade são pérolas que se encontram muito perto de nós e às quais é preciso dar o devido valor. Arione tocando, cantando e ensinando em Sapiranga é um talento de primeira grandeza.
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