Algumas coisas nos comovem, sem que para isso tenhamos uma justificativa especial. O olhar da irmã Sara ao ver seu animalzinho de estimação dilacerado pelas mordidas de dois cães pit bull, a imagem do menino de quatro anos salvo pela irmãzinha do incêndio que consumiu sua humilde casa, em Novo Hamburgo e algumas cenas do filme Nosso Lar foram acontecimentos que chamaram a atenção nas últimas semanas. O que tem em comum essas situações? Estive me interrogando sobre isso e a conclusão a que cheguei foi que essas três coisas de alguma maneira fizeram pensar na vida. Vida no sentido de nosso tempo aqui na Terra, aquele tempo que nos foi confiado para que realizemos alguma coisa. À irmã Sara, em toda sua tristeza por ter perdido sua cachorrinha atacada pelos cães ferozes, irresponsavelmente soltos nas ruas da cidade, restou o consolo de que a Fofinha salvou uma vida, ao desviar a atenção dos cães ferozes de uma criança que estava por perto. Mas seu olhar era de tristeza, desolação, sentimento pelo que não foi uma simples perda, mas algo violento e ameaçador que vitimou sua pequena companheira com quem passou por tantos bons momentos. As pessoas que estavam junto dela auxiliaram como puderam, em solidariedade com sua dor, e isso foi algo comovente.
A quase tragédia daquele incêndio em Novo Hamburgo, além de apontar para a transitoriedade das coisas mostra o heroísmo de uma menina de 12 anos que corajosamente enfrentou as chamas, sem preocupar-se consigo mesma tendo em mente apenas a necessidade de salvar o irmão, um menino de 4 anos: “eu tinha que salvar ele”. Não houve vacilo nem dúvida sobre o que era mais importante nesse momento. Após o alivio, outra vez a solidariedade demonstrada tornará possível a reconstrução da moradia e a recomposição da família. Contudo, o principal disso é que, em meio ao infortúnio, todos estavam felizes por ninguém ter morrido ou se machucado mais gravemente. A experiência da garota lutando pela vida do irmãozinho, arriscando a sua própria, nos dá a dimensão do desapego e da coragem para resgatar alguém querido. Mesmo sem bens materiais, estar junto dos seres amados significa uma vitória e torna menos difícil o recomeço. Pessoas simples, para quem a vida representa o bem mais precioso, sentiram o calor humano de outras pessoas, desconhecidas até, trazendo-lhes uma nova perspectiva, com doações de roupas, alimentos e materiais de construção.
Então, podemos perceber que aquilo que nos comove é também o que nos move a fazer alguma coisa. A simples comoção por si só não traz beneficio. É necessário agir, seja diminuindo a dor dos que estão sofrendo, seja promovendo o bem em qualquer de suas formas, buscando a verdade, interagindo dentro da atividade de cada um de forma a proporcionar uma melhora na vida das pessoas, enfim, há inúmeras possibilidades.
Ou alguém duvida que a bondade e a justiça fazem bem ao ser humano? Pode ser que não haja recompensas palpáveis, materiais ou imediatas, mas uma consciência leve e um coração feliz não tem preço.
E não sobrou espaço para falar do "Nosso Lar". Fica para a próxima. Uma boa semana a todos!
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
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