Me disseram que falar em liberdade era muito óbvio. Que todo mundo que, de alguma forma, experimenta voar associa o vôo à liberdade. Pois bem, vou falar de outra coisa, então. Da sensação da finitude humana. Sim, porque não é sempre que se pode sentir o quanto somos pequenos frente à natureza e ao mundo, enfim. Somos um grão de areia neste universo e nos sentimos menos que isso, quando podemos ver do alto a imensidão, o azul do céu, a linha do horizonte infinito...
Fiz um vôo duplo de paraglider, no Ferrabraz, no domingo à tarde. O sol forte ajudou a esquentar a cabeça, que andou a mil e o coração aos pulos, no curto espaço do tempo, que parecia ter parado. O vôo durou uma boa meia hora, mas para mim pareceram poucos minutos. Perdi a noção do tempo. Me agarrei às cordas que prendiam o equipamento ao corpo, e o piloto e instrutor Flávio me disse: “não precisa se segurar em nada, não adianta mesmo, já estamos no ar e se vamos cair, não há corda que segure...” Ai, ai, ai, ai, pensei, onde fui me meter? Mas aí, aproveitando o momento, e para me acalmar, lembrei de como nos apegamos a coisas que “não adiantam nada”, nesta vida. Parece que temos que ter a ilusória segurança de algo que nos segure. Mas assim como no ar, no vôo de paraglider, estamos soltos na vida e o que faz a diferença é a direção em que vamos e como nos conduzimos. Algumas coisas podem ser tão influentes como um vento forte, para nos desestabilizar. Poucas coisas podem ser tão decisivas como a convicção sobre qual o rumo ou a decisão a tomar.
Filosofias à parte, é maravilhoso voar. Primeiro a corrida para o nada, depois o salto e aquele friozão na barriga (não é friozinho, viu Barô), mas depois a sensação é de leveza, de ver coisas sob ângulos diferentes, inclusive o nosso belo morro Ferrabraz e a cidade. Saber que lá embaixo se encontram tantas pessoas, cada uma com suas histórias, cada qual com seus desejos e esperanças, tudo visto ou imaginado lá do alto é algo sem explicação... Só sentindo, mesmo.
Muito mais que aventura no ar, fazer algo diferente do que estamos acostumados no dia a dia, pode ser uma boa forma de colocar um tempero a mais, uma emoção diferente em nossa existência. É perigoso? Pode até ser, mas e a vida não é?
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
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