Para início de conversa saí perguntando a uns e a outros: para você, o que significa um ideal? Eis algumas das respostas: a coisa perfeita pra mim; o necessário; viver bem; ter coisas; alguns falam em objetivos, outros em utopias, coisas nem sempre atingíveis. Tem aqueles para quem ideal é a realização de um sonho. Então, o que é mesmo um ideal? São tantas e tão particulares as definições. Por uma questão de curiosidade, fui me socorrer na maior enciclopédia de todos os tempos, ao alcance da mão: a Internet. Aí encontrei o seguinte conceito extraído de uma aula de Introdução à Vida Intelectual, ministrada num Seminário de Filosofia, de setembro de 1987: “Denomina-se "ideal" a síntese em que se fundem, numa só forma e numa só energia, a idéia do sentido da vida e a do preço de sua realização: diz-se que um homem tem um ideal quando ele sabe em qual direção tem de ir para tornar-se aquilo que almeja, e quando está firmemente decidido a ir nessa direção.”
Temos aí algumas palavras chave como “sentido da vida”, “preço”, “realização”, “direção” e “decisão”. E se vamos continuar divagando, iremos perguntar: o que é o sentido da vida? Qual o preço que estamos dispostos a pagar por um ideal? E de pergunta em pergunta procuramos, dentro e fora de nós, respostas, talvez difíceis de encontrar.
Em um paralelo com os papéis que exercemos na vida, poderíamos dizer que ter um ideal é agir, caminhando em direção a algo que nos faça vibrar (o tal de verdadeiro sentido da vida). E caminhar com decisão, isto é, convencidos de que estamos empenhando nossos esforços e dirigindo nossas ações em busca de um objetivo maior. Ainda, por verdadeiro sentido da vida entendamos que não seja algo que nos dê um prazer passageiro e muitas vezes egoísta, mas aquilo que nos move a sair de nós mesmos e procurar o próximo...
Tudo muito bonito e muito ideal, mas no mundo em que vivemos, ainda cabem ideais? O que se vê, na realidade, é a busca constante por satisfações cada vez mais imediatas. Não é muito comum o fazer planos a longo prazo, como um objetivo a ser conquistado e a ele e por ele dedicar a vida. As conquistas são mais rápidas. Necessidade/satisfação imediata parece ser o binômio da felicidade. Não é saudosismo de uma época, porque não se pode cair na facilidade de dizer que tudo “antigamente era melhor”. Não era. Era apenas diferente. Mas isso também não vem ao caso, de momento.
A questão dos ideais pode ser uma coisa muito pessoal de cada um. Ninguém conseguirá abrir a cabeça do outro e colocar ali dentro um ideal. Ideal é assim: ou se tem ou... não se tem. E devemos respeitar isso. Mas no meu modo de ver as coisas, ideais fazem falta. Ideais são sementes. É aquilo que nos impulsiona para o futuro, com esperança e também aquilo que nos faz ver que o passado valeu a pena.
Iara Magajewski Averbeck
domingo, 27 de setembro de 2009
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Ideais e papéis
Por que uma advogada, que gosta de escrever, não escreve apenas sobre assuntos jurídicos, ao invés de se bandear pela seara da filosofia e afins? Não há uma resposta definitiva. O fato é que nesta vida desempenhamos tantos papéis, que às vezes nem nos damos conta do que somos capazes. Tudo se resume a papéis. Alguns exercemos bem, outros nem tanto. Ser pai ou mãe é um papel perante a família, assim como ser médico, advogado, professor ou policial é o papel de alguém diante da sociedade. Temos o papel de filho, como também o de vizinho, estudante, amigo, irmão, colega, chefe, enfim... O que fazemos e com quem interagimos é um “papel” que desempenhamos naquele momento. Não se trata de simplificar as coisas, mas se pararmos para pensar, não é um fato?
Quantos papéis temos, ao longo de nossa vida? Quantas faces são necessárias para que nos desloquemos por entre todos os compromissos e atribuições diárias? Muitas faces, muitos papéis... Um a um, devem ser cumpridos. E, percebam, muitas vezes, diversos papéis ao mesmo tempo. O indivíduo pode pertencer a diversos grupos e em cada grupo exercer um papel. Por vezes, pode haver tantos papéis e tão diferentes entre si que, executados pela mesma pessoa, poderão proporcionar oportunidades para um conflito em potencial. A flexibilidade e a capacidade de ajustar-se a mais de um grupo fará com que sejam enfatizados os aspectos favoráveis de um papel, bem como elaborados os pontos mais controvertidos ou dissonantes. Por isso, nem sempre a principal ocupação de alguém é o seu papel principal nesse mundo.
Aliás, no palco da vida há que se aprender a atuar. Não há ensaio, é tudo ao vivo. Pode haver improvisos, mas é preciso um roteiro e cada um faz o seu. A crítica? Sim, ela existe, é outro papel. Como também a platéia. No frigir dos ovos, todos são atores e todos são espectadores. Então, o mundo é um grande palco e a vida o maior enredo.
E os ideais? Bem, isso é conversa para a próxima semana.
Quantos papéis temos, ao longo de nossa vida? Quantas faces são necessárias para que nos desloquemos por entre todos os compromissos e atribuições diárias? Muitas faces, muitos papéis... Um a um, devem ser cumpridos. E, percebam, muitas vezes, diversos papéis ao mesmo tempo. O indivíduo pode pertencer a diversos grupos e em cada grupo exercer um papel. Por vezes, pode haver tantos papéis e tão diferentes entre si que, executados pela mesma pessoa, poderão proporcionar oportunidades para um conflito em potencial. A flexibilidade e a capacidade de ajustar-se a mais de um grupo fará com que sejam enfatizados os aspectos favoráveis de um papel, bem como elaborados os pontos mais controvertidos ou dissonantes. Por isso, nem sempre a principal ocupação de alguém é o seu papel principal nesse mundo.
Aliás, no palco da vida há que se aprender a atuar. Não há ensaio, é tudo ao vivo. Pode haver improvisos, mas é preciso um roteiro e cada um faz o seu. A crítica? Sim, ela existe, é outro papel. Como também a platéia. No frigir dos ovos, todos são atores e todos são espectadores. Então, o mundo é um grande palco e a vida o maior enredo.
E os ideais? Bem, isso é conversa para a próxima semana.
sábado, 12 de setembro de 2009
A lição da bromélia
Certa vez, ganhei uma bromélia de flor amarela. Deixei-a no vaso original e por muito tempo a flor resistiu. Passou o verão e o tempo da flor também. Pensei, então, em cuidar das folhas até que, na próxima estação, no próximo ciclo, a flor se abrisse novamente. Na ânsia de mantê-la viva, colocava água quase todos os dias. Estranhamente, a planta parecia regredir: algumas folhas murchavam, outras ficavam enroladas e se soltavam. Decidi que deveria transplantá-la para o solo ou para um vaso maior. Venceu o vaso. Quando fazia a operação de salvamento, ao retirar a bromélia do pequeno vaso onde estivera até então, notei a terra encharcada e as raízes, mais uns poucos dias, apodreceriam. A planta morreria. Ufa! Bem na hora, pensei.
A lição vem agora, no melhor estilo Paulo Coelho. Quantas vezes, pensando cuidar ou proteger alguém dedicamos tanto amor que sufocamos, ou melhor, afogamos a pessoa, deixando-a sem espaço, sem opção para firmar suas raízes, suas próprias convicções e escolhas? Pensamos que impondo amor (regando muito todos os dias), vamos ajudar, e, no entanto, não percebemos que as pessoas, assim como as plantas, tem seu próprio tempo. Precisam de tempo e espaço próprio para absorver o que percebem e recebem. Tempo para se desenvolver... A falta de amor, como a falta de água matam. Mas o contrário também é verdadeiro: todo o excesso afoga, sufoca e pode destruir. E amor mesmo, não se impõe.
Fico observando a plantinha. Está se recuperando. Coloquei-a debaixo de uma árvore, onde a sombra e os raios de sol se revesam. Não quero mais oprimi-la, só para tê-la perto de mim. Por mais linda que seja, posso olhá-la e amá-la de longe também, regando só o necessário. E agora já criou novas folhas, diferentes daquelas que antes existiam. Criou o seu próprio formato, sem perder a beleza. E segue o seu ritmo, no caminho que a Natureza oferece. Eu, meio de longe, vou acompanhando... E me sinto feliz, só pela sua existência...
A lição vem agora, no melhor estilo Paulo Coelho. Quantas vezes, pensando cuidar ou proteger alguém dedicamos tanto amor que sufocamos, ou melhor, afogamos a pessoa, deixando-a sem espaço, sem opção para firmar suas raízes, suas próprias convicções e escolhas? Pensamos que impondo amor (regando muito todos os dias), vamos ajudar, e, no entanto, não percebemos que as pessoas, assim como as plantas, tem seu próprio tempo. Precisam de tempo e espaço próprio para absorver o que percebem e recebem. Tempo para se desenvolver... A falta de amor, como a falta de água matam. Mas o contrário também é verdadeiro: todo o excesso afoga, sufoca e pode destruir. E amor mesmo, não se impõe.
Fico observando a plantinha. Está se recuperando. Coloquei-a debaixo de uma árvore, onde a sombra e os raios de sol se revesam. Não quero mais oprimi-la, só para tê-la perto de mim. Por mais linda que seja, posso olhá-la e amá-la de longe também, regando só o necessário. E agora já criou novas folhas, diferentes daquelas que antes existiam. Criou o seu próprio formato, sem perder a beleza. E segue o seu ritmo, no caminho que a Natureza oferece. Eu, meio de longe, vou acompanhando... E me sinto feliz, só pela sua existência...
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