Filosofando sobre “Causa Perdida”
Você sabe o que é uma causa perdida? Existirá mesmo a tal? Poderíamos dizer que existem “causas” e “causas perdidas”? É chamada de “perdida” uma causa em que, a princípio, não se vislumbra chance alguma de se ter um resultado positivo. É aquela que já nasceu morta, por assim dizer. Já outras, mesmo aparentemente perdidas, tem alguma possibilidade de vingar. E vai lá saber como diferenciá-las!
Ocorre que, mesmo sendo considerada perdida a causa, a pessoa tem o sagrado direito de defesa, de lutar até o fim, muitas vezes em busca de um milagre. Advogados são surpreendidos, com certa freqüência, no escritório, com o aparecimento de causas ditas perdidas. Entre as atitudes adotadas pelo profissional, enumeram-se algumas interessantes. Num primeiro momento lascar: “Ah! Isso não é da minha área, vou te indicar um colega que lida com isso.” E passar a bola adiante. Saiu-se bem, não se complicou, não passou por burro, mas o colega indicado vai ficar uma arara... Outra atitude seria ser sincero e dizer claramente ao possível cliente que ele não tem chance nenhuma de ganhar. Que não há nada para ser feito e que ele se conforme, desde já. Tudo bem, falou a verdade nua e crua, mas será que esse cliente volta um dia? Também pode ocorrer que após ouvir toda a história do cliente, o advogado se compadeça e aceite a causa, mais por piedade do que por outro motivo. Mas como não há muito para fazer, pouco se faz e o negócio dá naquilo que já se esperava desde o início: em nada. O cliente fica muito bravo e ainda sai falando mal do advogado que “não fez nada”. Há aquele que nem ouve a história toda e, vislumbrando apenas mais um ganho, já sai dizendo: “Deixa comigo, que eu vou resolver. Não tem erro”. Mas não resolve nada e aí... Tem, ainda, aqueles que ouvindo a história do cliente aceitam a questão como um desafio. Não sem antes explicar todos os prós e os contras possíveis, analisar os diversos ângulos do assunto. Assumem a causa, mas deixam o cliente de sobreaviso: de que há chance de ganhar e chance de perder. De que no Direito não existem milagres, mas que serão exploradas todas as possibilidades. E qual a surpresa quando conseguem reverter a situação, resolvendo o caso! Às vezes, nem o próprio advogado acredita. Mas acontece.
Isso tudo para dizer que no Direito também vigora uma espécie de teoria da relatividade, onde as variantes são inúmeras. Mas as constantes deveriam ser o interesse pela causa, a persistência e o trabalho.
quarta-feira, 18 de março de 2009
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