Está em pauta uma frase pronunciada pelo padre Thomassin em recente seminário pela segurança, realizado em Sapiranga: “se os homens de bem nada fizerem, os maus o farão”.
Paralelamente, o professor Cristiano Max, da Feevale, ensina que existem três tipos de personalidades criativas: o perfeccionista, o pragmático e o visionário. Resumidamente: o perfeccionista é aquele que executa, o que gosta de fazer as coisas e vê-las sendo realizadas. Vive o tempo presente e vai resolvendo os problemas de execução. O pragmático é o planejador. Porque se vale de suas experiências, relaciona-se com o passado, mas sabe antecipar os acontecimentos. O visionário, por sua vez, é o sonhador, aquele que planeja o futuro, o que vai acontecer daqui a alguns anos.
Cada tipo possui, contudo, um lado negativo. Assim, o perfeccionista/executor tende a acreditar que ninguém faz melhor do que ele; o pragmático/planejador pode virar um burocrata, porque não imagina que algo vá dar certo sem planejar e desse modo não deixa as coisas fluírem; e o visionário pode se tornar imperativo, muito categórico.
O ideal seria que todos tivessem um pouco de cada um dos tipos, e realmente existem algumas pessoas que são assim. Mas a prática demonstra que as pessoas costumam ter um traço dominante. E que, fatalmente, todos temos características de pelo menos um dos tipos.
Postos estes dados, cabe uma reflexão sobre a importância do trabalho em equipe, ou seja, realizado com a colaboração de vários tipos de personalidades criativas, com suas nuances positivas e negativas. Imaginem, um dos integrantes do grupo sonhando soluções para um futuro próximo, outro planejando as ações necessárias e um terceiro executando! É o máximo da eficiência ...
Isso pode ser aplicado aos mais diversos empreendimentos, sejam públicos ou privados. A variedade de tipos envolvidos na consecução de um projeto o tornará viável. E assim, com essa riqueza de material humano e ferramentas de trabalho, não há como “nada fazer”. A interação entre os diversos participantes de um projeto ou de um empreendimento, fará com que se criem as condições necessárias para o surgimento de bons resultados.
E os “homens sérios” que reclamam de que nada está sendo feito para modificar a realidade atual tem a oportunidade de participar, de contribuir, uma vez que a diversidade aponta para a solução. Mas nada acontecerá e nada será feito se continuar havendo acomodação, a pretexto de ficar esperando que os outros façam sua parte. Ou ficar apenas criticando ações que não deram certo. Talvez não deram certo porque faltou sua participação; talvez faltasse um dos tipos de personalidade criativa para “deslanchar” o negócio.
No cenário atual, muito se fala de que falta envolvimento de pessoas de bem no que se refere a causas sociais, política e outras áreas, o que dá margem e oportunidade aos “maus” de atuarem livre e impunemente. Pois bem, a meu ver isso é verdade. Sobram críticas aos que pelo menos tentam interferir de alguma forma no desenrolar dos acontecimentos e não faltam aqueles que dizem “isso não é para mim”. É para quem então? Para os escolhidos, talvez? Que escolhidos? Por quem escolhidos? É de se perguntar, ainda: será que eu, pelo menos, escolho?
É muito mais fácil proteger-se atrás da condição de cidadão-honesto-e-trabalhador-que-nada-pode-fazer do que dar sua cara a tapa, abraçando uma idéia, uma causa. É óbvio. Mas será que é correto? Que seriedade é essa, “homens sérios”, que passa despercebida pelo envolvimento com as coisas de seu tempo e pela dor do irmão e se escusa de se incomodar, de realizar ou pelo menos dar sua parcela de contribuição para transformar a realidade em que vivemos em algo mais humano e sustentável?
Iara Averbeck
sábado, 27 de junho de 2009
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Este texto foi vencedor na Categoria Jornalismo, Sub Categoria Artigo do 22º SET Universitário da PUC, em setembro de 2009. Obrigada!!!
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