Nada melhor do que, num domingo de manhã, sentar ao sol com alguma leitura e um chimarrão. A leitura pode ser, eventualmente, o jornal do dia. E nele lá está o horóscopo que eu, como católica, nem deveria olhar. Mas olho. Não que eu acredite em previsões, mas uma olhadinha só não faz mal a ninguém e muitas vezes nos faz pensar. E foi assim que li, hoje, que “a maior parte das mudanças que estão atingindo sua vida não dependem de você”. Ou seja, a minha vida. Daí, me preocupei. Por duas coisas. Primeira: se não dependem de mim, dependem de quem? Segunda: então, nada do que eu fizer ou decidir vai ter algum efeito? Bom, se era para pensar, tem aí um bom material.
E nessas divagações lembrei de dois sonhos que tive há poucos dias, que uma amiga chegada a assuntos psicológicos e holísticos me ajudou a interpretar. Sonhei que cheguei perto de um barranco que ia dar num rio e resolvi pular para a outra margem. Acontece que depois de pular vi que a outra margem era tão distante, mas tão distante que eu jamais a alcançaria com meu pulo. E que eu estava tão alto que a queda seria inevitável. Comecei a cair no vazio, com aquela típica sensação de cair em sonhos, quando de repente fiz um esforço e consegui cair perto da margem de onde fui nadando até sair. Minha amiga holística me disse: você não costuma usar pontes? Por que para atravessar o rio, você não procurou uma ponte?
Me fez pensar o óbvio. Será que ando querendo pular etapas? Talvez na ânsia de chegar ao outro lado, na vida real leia-se aos meus objetivos, estou dando saltos muito impossíveis? Então seria o momento de rever tudo, ou recomeçar indo devagar e sem grandes saltos no vazio? Eu, sempre parecendo ou querendo ser tão sensata, não vi isso antes? Que existem alternativas. E me dobro às evidências, tenho um caminho a percorrer, um caminho que só eu posso trilhar. Mas um caminho a ser percorrido sem pressa de chegar ao “outro lado do rio”, meditando e vendo a vida mais devagar, com todas as suas nuances e principalmente construindo e atravessando pontes.
Num outro sonho, anterior a este, sonhei que estava num lugar com umas pessoas, num morro de terra que começou a desmoronar. Eu via pessoas e um padre idoso caindo e sobre ele um monte de pedrinhas. Daí fugi, morro acima. Era tipo um barro vermelho e havia uns buracos. Eu precisava achar uma saída. E via, pelos buracos (muito pequenos) que tinha alguém do outro lado me esperando. Parecia uma professora e mais algumas pessoas. Tentei cavar com as mãos, mas era muito pequeno para eu passar. Comecei a colocar a mão por baixo e levantar a terra e ela ia se abrindo e aumentando o buraco e aí eu poderia passar. Isso ia me dando um alívio, um ar puro, mas eu tinha que ir tirando a terra daquela maneira, com minhas mãos, abrindo caminho.
Depois desse sonho fiquei pensando, no tumultuado dia, se não era isso a me esperar. Abrir meu próprio caminho. Mais uma vez minha amiga holística veio em meu socorro e disse achar que a vida devia estar me dando um cansaço (querida ela). Por que, abrir buraco com as mãos até que se possa respirar! Interessante o fato de a professora estar esperando do outro lado. Quem seria ela? O que representa uma professora? Sabedoria? Seria essa a busca? O que seria o padre velho rolando e caindo pedrinhas em cima dele? Seria enterrar velhos preceitos e maneiras para encontrar a espiritualidade? Talvez o sonho se remeta apenas a uma busca pela espiritualidade, trocar o velho por uma maneira nova de entender o Divino.
De qualquer modo, cavando buracos e abrindo caminhos com as próprias mãos ou procurando pontes, penso que devo acreditar mais nos meus sonhos do que no horóscopo. O horóscopo, à falta de coisa melhor, serviu para dar o pontapé inicial nessa filosofia toda. A força de vontade para buscar soluções, construir pontes para atravessar ou atravessar as já construídas, depende de mim. Isso não é novidade, mas fica meio esquecido até que num sonho a gente entenda o recado. A vida é entrelaçada a todos com quem convivemos e nossa individualidade fica muitas vezes escondida e outras vezes confundida, mas não se pode abrir mão do livre arbítrio, de sermos nós mesmos a nos conduzir pelos caminhos que a vida nos apresenta. Ou não?
domingo, 28 de junho de 2009
sábado, 27 de junho de 2009
Homens sérios
Está em pauta uma frase pronunciada pelo padre Thomassin em recente seminário pela segurança, realizado em Sapiranga: “se os homens de bem nada fizerem, os maus o farão”.
Paralelamente, o professor Cristiano Max, da Feevale, ensina que existem três tipos de personalidades criativas: o perfeccionista, o pragmático e o visionário. Resumidamente: o perfeccionista é aquele que executa, o que gosta de fazer as coisas e vê-las sendo realizadas. Vive o tempo presente e vai resolvendo os problemas de execução. O pragmático é o planejador. Porque se vale de suas experiências, relaciona-se com o passado, mas sabe antecipar os acontecimentos. O visionário, por sua vez, é o sonhador, aquele que planeja o futuro, o que vai acontecer daqui a alguns anos.
Cada tipo possui, contudo, um lado negativo. Assim, o perfeccionista/executor tende a acreditar que ninguém faz melhor do que ele; o pragmático/planejador pode virar um burocrata, porque não imagina que algo vá dar certo sem planejar e desse modo não deixa as coisas fluírem; e o visionário pode se tornar imperativo, muito categórico.
O ideal seria que todos tivessem um pouco de cada um dos tipos, e realmente existem algumas pessoas que são assim. Mas a prática demonstra que as pessoas costumam ter um traço dominante. E que, fatalmente, todos temos características de pelo menos um dos tipos.
Postos estes dados, cabe uma reflexão sobre a importância do trabalho em equipe, ou seja, realizado com a colaboração de vários tipos de personalidades criativas, com suas nuances positivas e negativas. Imaginem, um dos integrantes do grupo sonhando soluções para um futuro próximo, outro planejando as ações necessárias e um terceiro executando! É o máximo da eficiência ...
Isso pode ser aplicado aos mais diversos empreendimentos, sejam públicos ou privados. A variedade de tipos envolvidos na consecução de um projeto o tornará viável. E assim, com essa riqueza de material humano e ferramentas de trabalho, não há como “nada fazer”. A interação entre os diversos participantes de um projeto ou de um empreendimento, fará com que se criem as condições necessárias para o surgimento de bons resultados.
E os “homens sérios” que reclamam de que nada está sendo feito para modificar a realidade atual tem a oportunidade de participar, de contribuir, uma vez que a diversidade aponta para a solução. Mas nada acontecerá e nada será feito se continuar havendo acomodação, a pretexto de ficar esperando que os outros façam sua parte. Ou ficar apenas criticando ações que não deram certo. Talvez não deram certo porque faltou sua participação; talvez faltasse um dos tipos de personalidade criativa para “deslanchar” o negócio.
No cenário atual, muito se fala de que falta envolvimento de pessoas de bem no que se refere a causas sociais, política e outras áreas, o que dá margem e oportunidade aos “maus” de atuarem livre e impunemente. Pois bem, a meu ver isso é verdade. Sobram críticas aos que pelo menos tentam interferir de alguma forma no desenrolar dos acontecimentos e não faltam aqueles que dizem “isso não é para mim”. É para quem então? Para os escolhidos, talvez? Que escolhidos? Por quem escolhidos? É de se perguntar, ainda: será que eu, pelo menos, escolho?
É muito mais fácil proteger-se atrás da condição de cidadão-honesto-e-trabalhador-que-nada-pode-fazer do que dar sua cara a tapa, abraçando uma idéia, uma causa. É óbvio. Mas será que é correto? Que seriedade é essa, “homens sérios”, que passa despercebida pelo envolvimento com as coisas de seu tempo e pela dor do irmão e se escusa de se incomodar, de realizar ou pelo menos dar sua parcela de contribuição para transformar a realidade em que vivemos em algo mais humano e sustentável?
Iara Averbeck
Paralelamente, o professor Cristiano Max, da Feevale, ensina que existem três tipos de personalidades criativas: o perfeccionista, o pragmático e o visionário. Resumidamente: o perfeccionista é aquele que executa, o que gosta de fazer as coisas e vê-las sendo realizadas. Vive o tempo presente e vai resolvendo os problemas de execução. O pragmático é o planejador. Porque se vale de suas experiências, relaciona-se com o passado, mas sabe antecipar os acontecimentos. O visionário, por sua vez, é o sonhador, aquele que planeja o futuro, o que vai acontecer daqui a alguns anos.
Cada tipo possui, contudo, um lado negativo. Assim, o perfeccionista/executor tende a acreditar que ninguém faz melhor do que ele; o pragmático/planejador pode virar um burocrata, porque não imagina que algo vá dar certo sem planejar e desse modo não deixa as coisas fluírem; e o visionário pode se tornar imperativo, muito categórico.
O ideal seria que todos tivessem um pouco de cada um dos tipos, e realmente existem algumas pessoas que são assim. Mas a prática demonstra que as pessoas costumam ter um traço dominante. E que, fatalmente, todos temos características de pelo menos um dos tipos.
Postos estes dados, cabe uma reflexão sobre a importância do trabalho em equipe, ou seja, realizado com a colaboração de vários tipos de personalidades criativas, com suas nuances positivas e negativas. Imaginem, um dos integrantes do grupo sonhando soluções para um futuro próximo, outro planejando as ações necessárias e um terceiro executando! É o máximo da eficiência ...
Isso pode ser aplicado aos mais diversos empreendimentos, sejam públicos ou privados. A variedade de tipos envolvidos na consecução de um projeto o tornará viável. E assim, com essa riqueza de material humano e ferramentas de trabalho, não há como “nada fazer”. A interação entre os diversos participantes de um projeto ou de um empreendimento, fará com que se criem as condições necessárias para o surgimento de bons resultados.
E os “homens sérios” que reclamam de que nada está sendo feito para modificar a realidade atual tem a oportunidade de participar, de contribuir, uma vez que a diversidade aponta para a solução. Mas nada acontecerá e nada será feito se continuar havendo acomodação, a pretexto de ficar esperando que os outros façam sua parte. Ou ficar apenas criticando ações que não deram certo. Talvez não deram certo porque faltou sua participação; talvez faltasse um dos tipos de personalidade criativa para “deslanchar” o negócio.
No cenário atual, muito se fala de que falta envolvimento de pessoas de bem no que se refere a causas sociais, política e outras áreas, o que dá margem e oportunidade aos “maus” de atuarem livre e impunemente. Pois bem, a meu ver isso é verdade. Sobram críticas aos que pelo menos tentam interferir de alguma forma no desenrolar dos acontecimentos e não faltam aqueles que dizem “isso não é para mim”. É para quem então? Para os escolhidos, talvez? Que escolhidos? Por quem escolhidos? É de se perguntar, ainda: será que eu, pelo menos, escolho?
É muito mais fácil proteger-se atrás da condição de cidadão-honesto-e-trabalhador-que-nada-pode-fazer do que dar sua cara a tapa, abraçando uma idéia, uma causa. É óbvio. Mas será que é correto? Que seriedade é essa, “homens sérios”, que passa despercebida pelo envolvimento com as coisas de seu tempo e pela dor do irmão e se escusa de se incomodar, de realizar ou pelo menos dar sua parcela de contribuição para transformar a realidade em que vivemos em algo mais humano e sustentável?
Iara Averbeck
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Se faltarem palavras...
Se faltarem palavras, no dia dos apaixonados, dedique uma música a alguém, como esta de Oswaldo Montenegro. A letra é esta. A música você ouve no http://www.youtube.com/watch?v=szZANoqGXhg
Por Brilho
Oswaldo Montenegro
Onde vá
Onde quer que vá
Leva o coração feliz
Toca a flauta da alegria
Como doce menestrel
Onde vá,
Onde quer que eu vá
Vou estar de olho atento
A tua menor tristeza
Ou no teu sorriso fugaz
Onde vá
Vá para ser estrela
As coisas se transformam
E isso não é bom nem mau
e onde quer que eu esteja
O nosso amor tem brilho
vou ver o teu sinal
Por Brilho
Oswaldo Montenegro
Onde vá
Onde quer que vá
Leva o coração feliz
Toca a flauta da alegria
Como doce menestrel
Onde vá,
Onde quer que eu vá
Vou estar de olho atento
A tua menor tristeza
Ou no teu sorriso fugaz
Onde vá
Vá para ser estrela
As coisas se transformam
E isso não é bom nem mau
e onde quer que eu esteja
O nosso amor tem brilho
vou ver o teu sinal
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